quinta-feira, 11 de março de 2010

energia e deficit

Segundo a revista da O.Engs. De Julho/Agosto 2009, na edição dedicada à energia, a importação de energia é responsável por cerca de 60% das nossas importações.
Esta situação tenderá a agravar-se com a inevitável subida dos combustíveis fósseis a qual poderá sofrer agravamentos súbitos.
Ninguém de bom senso pode deixar de reconhecer que este é um problema de primordial importância nacional. Tem a ver com o nosso endividamento externo, com a falta de competitividade, com os deficits.

A referida revista dá um panorama completo da situação e indica diversos caminhos para a resolução ou minimização do problema.
No entanto, todos os articulistas parecem deixar a resolução dos problemas para o Estado e as grandes empresas.
O Estado tem certamente um papel primário pois compete-lhe definir a política energética e por conseguinte elaborar as respectivas leis e regulamentos.

A grandes empresas tem os meios humanos e materiais para actuar em larga escala, mas são frequentemente um entrave ao pleno desenvolvimento de novas tecnologias.
A EDP que agora se mostra como campeã das renováveis, foi durante muito tempo o obstáculo intransponível para o aparecimento e desenvolvimento das éolicas e da cogeração. Quando a Só quando a Espanha já estava cheia de parques éolicos, é que começamos a instalar os primeiros.

Segundo o Expresso (numa edição de salvo erro de Agosto passado), havia cerca de 9000 pedidos de ligação à rede de microgerações e somente cerca de 500 (?) concedidos. Na realidade há ou havia uma única entidade certificadora para aprovar as ligações à rede, e esta pertencia ao universo das empresas da EDP. Somos levados a concluir que como este negócio não interessa obviamente à EDP, o processo é dificultado/atrasado como de fez no passado. A própria limitação da potência de entrega à rede já indicia um travão ou obstáculo legal ao seu desenvolvimento.

Os incentivos para a produção de energia renovável e cogeração consistem essencialmente nos preços legais de venda à rede. Ou seja, a venda à rede limita e controla o seu desenvolvimento.

Porque é que não se muda esses incentivos de modo a serem atribuídos os incentivos à produção em vez da entrega à rede? Mesmo que tivessem um valor inferior.

Haveria desde logo maior racionalidade sob o ponto de vista energético, pois os projectos seriam concebidos no sentido da maior eficiência e aproveitamento energético em vez de procurar as maiores receitas e a maior eficiência financeira.

Um sistema energético nesta base, poderia e deveria ser alargado a todas as formas de produção de energia eléctrica sem recurso a combustíveis fósseis, fazendo-se a valorização dos “prémios” à produção dum modo semelhante ao actual para os preços de venda à rede.

Naturalmente, que este sistema excluiria as centrais de produção de energia ( Barragens, ciclo combinado, atómicas).

Esta continuam a ser necessárias, com especial relevo para o programa de barragens que em boa hora foi retomado e que nunca deveria ter sido parado, mas trata-se obviamente dum regimen diferente.

A proliferação de pequenos e médios produtores só seria benéfica ( excepto grandes empresas), pois além de evitarem perdas na rede, haveria mais segurança no abastecimento e maior consciencialização para a utilização racional de energia-
Inicialmente o impacto não seria grande na balança de pagamentos nacional, mas a médio prazo reduziria bastante o seu déficit. Também dinamizava o sector de produção, pois mesmo que muito equipamento tenha que ser importado, há sempre produtos anexos e acessórios que seriam nacinais (mais do que no caso duma nova centra térmica ou atómica).

Na maior parte dos casos de energia renovável e recuperação de energia, o principal custo é o da amortização do equipamento. Um vez este amortizado, a produção passa a ser mais barata que a produção por meio das centrais convencionais.

Por essa razão, os prémios atrás mencionados poderiam ser degressivos ou temporisados.

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